quinta-feira, 29 de maio de 2008

A Batalha nos séc. XIX e XX

Alguns dados da história local

Sobre a vila da Batalha chegam-nos informações importantes dos séculos XIX e XX que importa publicar no Jornal da Golpilheira, não só pela sua importância para ajudar a caracterizar esses tempos idos, como para possibilitar conhecer as gentes e algumas das suas realidades. Trata-se de alguns dados apresentados pelo médico Ferreira Carreira no I Congresso das Actividades Gerais do Distrito de Leiria, realizado em 1944. Segundo estes dados, os leitores podem ter uma noção dos comportamentos e da realidade social, cultural e demográfica de um concelho que sempre se destacou no panorama distrital, no período entre 1890 e 1940.
Uma amostra demográfica e social
A evolução da população da Batalha entre 1890 e 1930 aumentou significativamente: 1890 - 6.562 habitantes; 1900 - 6.693; 1914 - 7.690; 1920 - 8338; 1930 - 9.664. Com estes números, verificamos que, em 40 anos, a Batalha teve um acréscimo de mais de 3000 indivíduos, havendo relatos da época que naquele período "o número de fêmeas por 100 varões variava entre 103,3 (1890) e de 107,4 (1930). A vila tinha naquela época uma superfície de 113,68 quilómetros quadrados. Mas, se compararmos o número de população entre os anos de 1878 e 1940, a sua população duplicou, com 5.936 habitantes no primeiro período e 11.161 no segundo.
Conseguimos também obter o número de famílias da Batalha nas décadas de 30 e 40 do século passado: em 1930, o concelho tinha 1.259 famílias, com 4,4 pessoas por lar, enquanto que em 1940 a Batalha abrigava 2.458 famílias, numa média de 4,54 pessoas por lar.
No decénio de 1916-1925, o número de nascimentos na Batalha foi o seguinte: 1916 - 301; 1917 - 299; 1918 - 262; 1919 - 202; 1920 - 304; 1921 - 259; 1922 - 240; 1923 - 321; 1924- 467; 1925 - 342, totalizando nesses anos cerca de 2.997 nascimentos, com oscilações significativas, mas acompanhando os comportamentos do Distrito e do País.
No ano de 1930, deram-se 68 casamentos e nenhum divórcio na Batalha. A curiosidade chega-nos nos nados vivos e mortos. Dos 342 nados vivos que existiram, 21 foram considerados ilegítimos. Houve nesse ano 12 nados mortos.
Em 1930, havia na Batalha 9.109 pessoas de origens locais, 285 de outros concelhos do Distrito, 264 de outras naturalidades de Portugal e apenas 6 estrangeiros.
Outra das análises que conseguimos obter foi o número chocante de analfabetos no concelho da Batalha em 1930. De um total de 9.664 habitantes naquele ano, imagine-se que 7.447 pessoas eram analfabetas, das quais 3.223 eram homens e 4.224 mulheres. Felizmente que a realidade actual é bem diferente…
A mortalidade infantil era um problema grave de então. Em 1940, verificando a morte até aos 5 anos de vida, na Batalha morreram apenas 49 crianças, para um total de 1.270 em todo o distrito de Leiria. A grande incidência recai no primeiro ano de vida (31), sendo 9 nas idades de 1 aos 2 anos, 7 nos 2-3 anos, 1 nos 3-4 anos e 1 nos 4-5 anos. As razões de morte, em 1940, eram as seguintes: 8 pessoas morreram de diarreia e enterite, 13 de debilidade congénita, 2 de pneumonia e bronco-pneumonia, e 5 de causas ignoradas ou mal definidas.
Em 1930, existiam na Batalha 11 cegos e 3 surdos-mudos.
Apresentámos neste breve estudo uma análise muito breve a um período da história da passagem de milénio da vila da Batalha, uma época em que o alcoolismo, febres tifóides, tuberculose e mortalidade infantil eram problemas sérios que as populações enfrentavam.
Joaquim Santos


Foto cedida por José Travaços Santos,
que retrata, precisamente, o ano de 1890

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