quarta-feira, 25 de julho de 2012

Festa do CRG | XXIII Festival de Folclore da Golpilheira



Organizado pelo Rancho Folclórico “As Lavadeiras do Vale do Lena”, decorreu no dia 14 de Julho o XXIII Festival de Folclore da Golpilheira, integrado no 43.º aniversário do CRG. Este evento teve o apoio do Município da Batalha, Junta da Golpilheira, Jornal da Golpilheira e Rádio Batalha.
Para além do agrupamento anfitrião, que representa a região folclórica da Alta Estremadura, estiveram presentes os ranchos de  Gouveia, de Santo Isidoro e  de Viegas. Cada um, respeitando o folclore da respectiva região onde está inserido, efectuou uma excelente demonstração das danças e cantares tradicionais do nosso País.

Rancho Folclórico “As Lavadeiras do Vale do Lena”

Fundado em 12 de Julho de 1989 pelo Centro Recreativo da Golpilheira, está sedeado no lugar e freguesia da Golpilheira, concelho da Batalha e distrito de Leiria e representa a região da Alta Estremadura. Golpilheira foi, em tempos, um lugar vocacionado para a agricultura. Nas margens do rio Lena cultivava-se milho, hortas, vinho, azeite e legumes.
As danças e cantares foram recolhidos de pessoas nascidas na última década do século XIX. Eram as que “bailhavam” a céu aberto, nas alpendoradas e de portas a dentro – nas eiras; nas descamisadas; nos terreiros, pelos Santos Populares; nos serões dos enxovais; nos serões dos casamentos; nas adiafas da vindima e da azeitona e na “casa da brincadeira”.
Os trajes de trabalho, domingueiro ou de cerimónia eram os que se usavam a rigor na segunda metade do século XIX. As alfaias, ferramentas e pertences, correspondentes a cada actividade, estão representados no malhador, na ciranda, na vindimadeira, no lagareiro, no abegão, na jantareira, na lavadeira e no par de noivos pobres. Os instrumentos usados na tocata são os tradicionais da região.
Este rancho é sócio efectivo da Federação de Folclore Português desde Janeiro de 1996, sócio fundador da Associação Folclórica da Região de Leiria – Alta Estremadura e filiado no INATEL. Em 2009, foi condecorado com a Medalha de Prata do Município da Batalha. Já teve mais de 800 actuações de Norte a Sul do País, tendo participado em alguns festivais internacionais, nomeadamente, em Espanha, França e Roménia, onde demonstrou toda a sua beleza de trajes, danças e cantares, preservando e divulgando a nossa cultura e tradição.

Grupo Folclórico do Centro Cultural de Santo Isidoro

Foi fundado em 2 de Setembro de 1978 e é membro efectivo da Federação do Folclore Português desde 12 de Dezembro de 1983, e do INATEL desde 1985. Santo Isidoro, bem como toda a região de Riba-Tâmega, integra-se na zona etno-folclórica de Entre Douro e Minho. Terra de gente simples e economicamente pobre, vivia essencialmente da agricultura.
É neste ambiente dos finais do século XIX que o grupo folclórico desenvolve a sua actividade de pesquisa e recolha, com o objectivo de preservar os usos e costumes. Os trajes eram confeccionados em tecidos baratos: chitas, riscado, cotim, linho (produto da terra), deixando as fazendas e o armur para ocasiões especiais (festas, casamento…). Recriam cenas do dia-a-dia das pessoas em duas situações essenciais: o trabalho e a festa. As danças, essencialmente de roda (malhão, vira, verdegar, rusga), tinham a sua expressão máxima na chula.
A busca constante da autenticidade é o motor que move este grupo na sua caminhada, para a representatividade folclórica da região onde está inserido.

Rancho Folclórico de Gouveia

Foi fundado em 29 de Junho de 1959, tendo sido sócio fundador da Federação do Folclore Português. Assume hoje, de uma forma clara, as características de Grupo de Montanha, sendo um fiel intérprete dos usos e costumes dos pastores da Serra da Estrela, incluindo todas as actividade ligadas directa ou indirectamente à pastorícia, e aparecendo em público sempre acompanhado de um cão da raça Serra da Estrela.
Organiza e intervém em diversas actividades, nunca perdendo de vista aquele que é o seu primeiro objectivo: não deixar esquecer tudo aquilo que foi aprendendo ao longo dos anos, transmitindo aos mais novos a responsabilidade da sua continuação no tempo.
Para além dos trajes de pastor, exibe ainda os da queijeira, da vendedeira do queijo e o do leite, porta a porta, os de malhador, mulher da eira, domingueiro rico e pobre e o de romaria, todos eles copiados de modelos que remontam ao início do século XX.

Rancho Folclórico de Viegas

Viegas é uma localidade pertencente à freguesia da Alcanede, concelho e distrito de Santarém, província do Ribatejo. Situa-se na base da Serra dos Candeeiros, entre pinhais e olivais, onde ainda se praticam diversas culturas agrícolas, regadas por dois aprazíveis ribeiros nascidos nas faldas da serra.
Este rancho, nascido no ano de 1962, representa a zona do Bairro Ribatejano, com actuações em vários pontos do País e estrangeiro, como deslocações aos Estados Unidos da América, Polónia, Itália e diversas vezes a França e Espanha. Como em outras actividades, também este agrupamento sofreu as influências da imigração dos seus jovens para a Europa, na busca de melhores oportunidades de vida e na fuga à guerra colonial. Sofrendo então um interregno de 20 anos, reapareceu a 20 de Maio de 1990, através da Associação Cultural e Recreativa de Viegas. O seu renascimento resultou de uma profunda e atenta recolha junto da população mais idosa, na recuperação das danças e cantares da sua fase primitiva.
Este grupo enverga trajes que remontam ao século XIX. O rancho é constituído, na sua maioria, por jovens entusiasmados pela descoberta da cultura dos seus antepassados, que a transportam até aos nossos dias através da divulgação das suas tradições, do modo como se cantava e dançava nos momentos mais importantes, como seja nas festas e romarias e também durante os serões de Inverno e nos trabalhos do campo. Sendo um grupo rigoroso em todas as componentes da sua apresentação pública, é considerado um bom representante do Bairro Ribatejano e está inscrito na Federação Portuguesa de Folclore.


Manuel Carreira Rito
Fotos: LMFerraz










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