Cerca de 350 pessoas encheram o salão de festas do Centro Recreativo da Golpilheira (CRG), no passado dia 7 de Fevereiro, na apresentação pública da obra “Golpilheira Medieval – Documentos Históricos”, de Saul António Gomes. Inserida nas comemorações dos 25 anos da criação da freguesia, a obra foi editada em parceria pelo Jornal da Golpilheira e a Câmara Municipal da Batalha, apresentando uma recolha de 113 documentos, sobretudo da época Medieval, onde se espelha o percurso histórico da localidade, conhecida primeiramente por Alpentende e, a partir dos finais do século XIII, pelo nome de Golpilheira.
A sessão foi, assim, uma verdadeira tarde cultural, que começou com as palavras de acolhimento do presidente do Centro Recreativo, Manuel Rito, que manifestou a sua alegria pela iniciativa e a riqueza que ela vem representar para o historial da própria colectividade, intimamente ligada ao desenvolvimento cultural da população durante os últimos 40 anos.Autor
Após as palavras introdutórias do director do Jornal da Golpilheira, em termos semelhantes aos do editorial desta edição, coube a José Travaços Santos apresentar o autor da obra. Traçou as principais linhas do percurso académico e de vida de Saul Gomes, salientando a sua extensa produção literária, o seu amor a esta região da Estremadura e a profunda riqueza intelectual com que é reconhecido actualmente “entre as maiores figuras das Letras e do Pensamento portugueses”.
Obra
Sobre a obra, falou o seu autor, dissertando sobre a história remota deste território, que considerou “uma das mais antigas regiões habitadas e de grande centralidade em toda a região, como comprova a existência da cidade romana de Collipo”. O seu discurso centrou-se na enumeração das principais descobertas feitas nos documentos agora publicados, e que podem ser revistos no texto introdutório com que enriqueceu esta publicação. Não querendo esgotar o assunto nesta edição, contamos nos próximos meses voltar a ele, com a transcrição mais pormenorizada das suas palavras na ocasião.
A conclusão sobre a riqueza histórica da nossa terra, que pode adivinhar-se a partir desta colectânea documental, “contrasta com a ausência de qualquer rasto desse património na actualidade”, referiu Saul Gomes, lamentando que num périplo recente pela freguesia não tenha encontrado qualquer vestígio de construções ou outros elementos referidos nos documentos, mesmo já dos séculos XVIII e XIX. A este propósito, defendeu que “o pelouro da protecção do património deveria ser atribuído às autarquias locais, pois a centralidade desses serviços tem levado ao desaparecimento de muitos monumentos que a nível nacional são descurados, mas que são autênticas pérolas a preservar para a história das populações onde se encontram”.
Outro intervenientes
O presidente da Junta de Freguesia da Golpilheira, Carlos Santos, reconheceu “com tristeza, que desapareceu quase todo o património dos nossos antepassados, que poderia hoje testemunhar a importância desta terra”, manifestando o seu contentamento por, “em iniciativas como estas, se tentar, ainda assim, preservar e enaltecer essa memória e cuidar que esse erro de esquecer os legados do passado não volte a ser cometido”. Salientando o interesse com que a Junta acompanhou esta iniciativa do Jornal, Carlos Santos agradeceu a Saul Gomes o trabalho desenvolvido e entregou-lhe uma placa comemorativa dos 25 anos da Freguesia, em sinal de gratidão de toda a população.
Também o presidente da Câmara da Batalha, António Lucas, que presidiu à sessão, elogiou e agradeceu o trabalho do historiador, referindo a importância deste tipo de iniciativas, “que a autarquia tem sempre o cuidado de apoiar, como sinal da sua forte aposta na cultura como pilar do desenvolvimento local”. Apontando alguns aspectos do dinamismo actual desta freguesia, a mais recente do concelho da Batalha, o autarca dedicou a edição do livro aos golpilheirenses, elogiando como “exemplar a numerosa adesão da população a um evento deste género”.
De referir que a sessão contou com a animação musical de Jorge Humberto, professor de música no CRG, e do rancho folclórico “As Lavadeiras do Vale do Lena”, da mesma colectividade, e terminou com um lanche oferecido pela Junta de Freguesia aos presentes.
LMF
Ainda sobre o livro...
Correio dos leitores
>>> Tive conhecimento, pelo autor e nosso ilustre amigo, Prof. Dr. Saul Gomes, da preparação da obra literária sobra a Golpilheira. Felicito o Jornal pela feliz iniciativa e por tão belo documento para a história da vossa jovem, mas histórica Freguesia. Para o estudo e pesquisa da nossa História local e regional, é do maior interesse, mais ainda pela competência e sabedoria do autor. Com estima e amizade,
Carlos Alberto Rosa Vieira
>>> Gostaria de dar os meus sinceros parabéns ao Jornal da Golpilheira pela edição deste livro, porque de facto a nossa terra ficou muito mais rica. Sem dúvida, como referiu o presidente da Câmara Municipal, sr. António Lucas, a adesão foi sensacional, algo que não estaria nas previsões de ninguém. Isso faz, em minha opinião, de catalizador para novas aventuras e foi o reconhecimento de todas as pessoas pelo trabalho desenvolvido. Desta maneira, até acaba por se esquecer as grandes dificuldades para ultrapassar muitos obstáculos. Penso que, num futuro próximo, devíamos reflectir sobre duas "nódoas" que estão bem identificadas e que, se fossem recuperadas, sem dúvida que seria um ganho para a nossa freguesia. Estou a referir-me ao moinho de vento e à capela do Picoto. Mais uma vez, parabéns e que Deus vos dê força e coragem para continuarem, porque vale a pena.
Adelino Rito
>>> Fiz quase 100 kms de propósito para ir a essa apresentação, pois conheço bem o autor e sabia que valia a pena. Não conhecia bem essa freguesia e confesso que fiquei muito bem impressionada com as boas instalações, o excelente Restaurante Etnográfico onde almocei e a gente simpática. Mas a minha maior surpresa foi aquele salão cheio de pessoas na apresentação de um livro! Parabéns a um povo que assim vive a cultura! E muitos parabéns ao vosso Jornal pelo bom trabalho que fazem, que também já acompanho há algum tempo.
(Leitora identificada)
>>> Mande também o seu comentário à sessão ou ao livro, a sua opinião, crítica ou sugestão... teremos todo o gosto em saber o qu pensa. Envie para geral@jornaldagolpilheira.com
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