quinta-feira, 29 de outubro de 2009

“Golpilheira 25 anos” deixou ideias para o futuro

Jornal organizou debate com candidatos à Junta de Freguesia

No âmbito das comemorações dos 25 anos da criação da freguesia, cuja data oficial é 31 de Dezembro de 1984, e aproveitando a oportunidade das eleições autárquicas, o Jornal da Golpilheira tomou a iniciativa de organizar um debate com a participação dos candidatos a esta Assembleia de Freguesia pelos três partidos que apresentaram lista: CDS, PS e PSD.

Mais do que uma discussão política, pretendeu-se um debate construtivo em ordem ao futuro da freguesia, partindo das opiniões dos principais elementos das listas, pessoas que por essa razão se mostram claramente interessadas na participação activa nessa construção.
Um dos factos salientados pelo moderador, o director deste Jornal, foi precisamente o número elevado de pessoas que se disponibilizaram para as listas eleitorais, muitas delas jovens, o que é sempre motivo de orgulho, para mais numa freguesia pequena como esta, com 1366 eleitores inscritos. Isso é uma garantia de termos alternativas, ideias diferentes, possibilidade de escolha, significando também que grande parte da população está atenta e interessada na construção do futuro, como comprovou a baixa taxa de abstenção que viria a registar-se (26,5%), quando comparada com as médias nacionais, distritais e mesmo concelhias.
Prova disso foi também a elevada participação dos golpilheirenses neste debate, com cerca de 150 pessoas a marcar presença (apesar de jogar o Benfica!).

O debate
Nas mesas do debate estiveram três candidatos de cada partido, que estabeleceram entre si as regras para as respostas. Não foi necessário cronometrar as intervenções, tendo havido uma distribuição pacífica e equitativa dos tempos para cada grupo, num esquema de resposta rotativa, seguida de nova ronda para réplicas. No total, o serão decorreu durante cerca de duas horas.
Foram feitas cinco perguntas, divididas por áreas: infra-estruturas públicas e desenvolvimento económico; ordenamento do território e ambiente; cultura, desporto e lazer; serviço social e solidariedade; participação cívica dos cidadãos e juventude. No final, houve ainda um espaço livre, para cada grupo apresentar as suas prioridades para a freguesia e fazer o apelo ao voto.
Passadas as eleições, não nos interessa já “esmiuçar” o que disse cada um dos intervenientes. Vamos, por isso, deixar apenas algumas das principais ideias que foram apresentadas, em cada um destes temas, na perspectiva do referido “olhar” para o futuro da Golpilheira. Ideias que poderão ser analisadas por todos, que podermos voltar a discutir e que, independentemente que quem as apresentou, poderão ser postas em prática por quem de direito, desde que se reconheça a sua importância para o desenvolvimento da freguesia.

1. Qual a avaliação que fazem da nossa freguesia quanto a infra-estruturas públicas (estradas, serviços públicos, etc.) e quanto ao desenvolvimento económico em geral (industrial, comercial, turístico, etc.)? Que papel deverá ter a Junta de Freguesia nesse campo?
O grande ponto de confluência foi a necessidade de se avançar com o pavilhão desportivo. Considerado por alguns como ainda sendo uma “miragem”, a expectativa comum é de que o processo avance com rapidez, dado que o projecto está pronto e o financiamento garantido por fundos comunitários e pela Câmara Municipal, restando apenas a desafectação de uma parcela do terreno por parte da Reserva Ecológica Nacional.
Falou-se também na necessidade de uma casa de velar, mas aí as opiniões divergem, pois há quem defenda que o espaço actualmente usado na antiga igreja do Bom Jesus dos Aflitos foi devidamente preparado para este fim. Outras pequenas observações foram adiantadas sobre casos pontuais de melhoramento de vias, arranjo de passeios, colocação de sinalização e de iluminação pública.
Quanto aos aspectos económicos, foi referida a fraca capacidade da Junta para uma acção nesta área, além do incentivo que possa oferecer-se aos empresários locais.

2. Quanto ao ordenamento do território, como avaliam o modo como tem crescido a freguesia e como está organizada territorialmente? Nesse contexto, o que fazer para melhorar, nomeadamente quanto ao meio ambiente e espaços verdes?
As primeiras críticas foram para a construção de algumas casas demasiado próximo das vias de comunicação, o que dificultará no futuro o seu alargamento ou construção de passeios. Defendeu-se a elaboração de um ordenamento territorial “a longo prazo”, que definisse algumas regras a respeitar por todos, inclusivamente quanto ao tipo de construções a autorizar na freguesia. Nesse projecto deveria ser incluída toda a rede de infra-estruturas, como água, electricidade, esgotos, gás, etc., para evitar a constante destruição do asfalto para as sucessivas obras.
Na mesma linha, defendeu-se a delimitação mais clara das áreas habitacionais, comerciais, industriais e de lazer, para acabar com as situações de empresas instaladas em garagens na zona urbana e, sobretudo, para valorizar uma zona central de passeio e convívio. A criação da zona industrial foi defendida como urgente, mas apresentou-se também o motivo do seu atraso com as sucessivas alterações legislativas do Governo, que têm mantido paralisadas as aprovações às revisões dos PDM por todo o País.
Quanto à questão ambiental e espaços verdes, houve unanimidade na defesa de um maior usufruto do rio Lena, seja pela limpeza, preservação e construção de taludes que permitam recuperar água no seu leito, seja pela criação de espaços de lazer e de passeio que aproximem mais as pessoas da zona ribeirinha.

3. Quanto ao dinamismo cultural, desportivo e de lazer, que poderia fazer a Junta de Freguesia, nomeadamente em relação ao Centro Recreativo, que é a instituição que concentra grande parte deste dinamismo?
O papel da Junta neste campo tem sido sobretudo o de incentivar e ajudar economicamente as actividades da colectividade. Nas várias intervenções, foi essa também a linha de acção defendida em relação ao futuro.
O CRG foi de facto o centro das preocupações de todos, tanto numa linha de defesa de maior ajuda financeira e de pressão junto da Câmara Municipal por parte da Junta, como na constatação de que é necessário maior envolvimento das pessoas na vida da associação, sobretudo no serviço voluntário nas suas diversas secções. O papel da Junta poderá ser também esse de sensibilizar as pessoas para a cultura e de promover as suas próprias acções culturais.
A criação do Dia da Freguesia, no âmbito da Semana Cultural anual foi uma dessas propostas.

4. No campo do apoio social (terceira idade, saúde, pobreza, solidariedade, etc.), quais os principais problemas que identificam e qual a área onde acham que deveriam ser feitos mais investimentos?
Mais uma vez, encontrou-se um tema consensual: a principal preocupação é com a terceira idade, ao serviço da qual se revela urgente criar um espaço para Centro de Dia. A forma de o concretizar é que diverge. Há quem defenda a recuperação da antiga escola de Bico Sachos para esse fim, onde se pudesse instalar um Centro de Dia de acordo com todas as exigências legais, partindo de uma nova valência a gerar no CRG como IPSS. Outros defendem que o ideal, mantendo-se o CRG como promotor, seria construir um edifício de raiz nos terrenos anexos à sua sede, pois seria mais central e ofereceria muito melhores condições de acessibilidade.
Enquanto isso não acontece, alguém afirmou a necessidade de se avançar ainda este ano com um espaço para o convívio da população idosa, na sala da cave do novo edifício da Junta, onde as pessoas pudessem ter oportunidade de conversar, partilhar algum passatempo, etc., ainda que sem as condições legais de um Centro de Dia. Até porque, mais uma vez, a Junta não tem competências que lhe permitam avançar com alguma proposta nesta valência social, enquanto o Governo central não o permitir.
Uma questão também abordada foi a do desemprego, surgindo a ideia de colocar no site da internet da Junta um espaço “Emprego na Minha Freguesia”, com oferta e procura de emprego na região mais próxima.

5. Um dos problemas sociais é o descrédito em relação às instituições políticas e ao serviço público. Como caracterizam a freguesia neste aspecto? Que poderia fazer a Junta para motivar a maior participação cívica dos cidadãos, nomeadamente das camadas mais jovens?
Reconhecida por todos a importância desta questão, sugeriu-se a promoção de actividades, oficinas, sessões de formação e outras pequenas iniciativas, para as quais as pessoas fossem convidadas, ao exemplo do que sucedeu com este mesmo debate. O principal problema é convencer as pessoas, retirá-las do conforto de casa, levá-las a colaborar. Esse é o desafio, que começa pela edução cultural dos mais novos para a participação cívica na vida social.

Saldo positivo
Após este repto, seguiram-se as últimas intervenções de cada mesa, no apelo directo ao voto, basicamente com a apresentação das principais linhas do respectivo programa eleitoral, conforme divulgámos na última edição.
Foi a primeira vez que se realizou um debate deste género na freguesia. Não foi “política dura”, como alguns teriam preferido. Mas serviu para trazer à conversa diversas temas importantes, para cruzar algumas opiniões diversas sobre eles, para cada um pensar por si e analisar as várias propostas.
Podemos afirmar, segundo auscultámos também junto de algumas pessoas presentes, que o saldo foi positivo. Até porque, antes e depois das eleições, mais importante do que sermos adversários políticos é sermos amigos da nossa terra comum e lutarmos juntos pelo seu desenvolvimento. Foi isso que o Jornal pretendeu com o debate “Golpilheira 25 anos!”
Contamos voltar a organizar este tipo de fóruns… ainda antes que passem outros 25 anos!
Luís Miguel Ferraz

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