Idosos no centro da festa
Levar a alegria da música, da dança e do teatro aos idosos dos lares e centros de dia é o objectivo do programa "Novas Primaveras" da SAMP – Sociedade Artística e Musical dos Pousos. Em Leiria já acontece há alguns anos e à Batalha chegou este ano, através de protocolo celebrado com a Câmara Municipal, para a Misericórdia da Batalha, o Lar do Reguengo do Fetal e o Centro de S. Mamede.
Durante o ano, os músicos fazem visitas regulares às instituições, cantam e tocam com os utentes, procurando sobretudo que sejam eles os artistas, no contacto com os instrumentos, dando voz às canções que recordam dos seus tempos passados, representando pequenas peças teatrais, sendo, no fundo, o centro da festa. O resultado é uma lufada de ar fresco nos dias, tantas vezes, marcados pela monotonia.
Tal como no ano lectivo, esta iniciativa tem também um período de férias, pelo que marca o seu encerramento, a cada ano, com uma festa em que todos se juntam para partilhar experiências e mostrar algumas das suas habilidades artísticas. Aconteceu na Batalha, no dia 2 de Julho, no pavilhão dos Bombeiros Voluntários, e em Leiria, no dia seguinte, no estádio.
Acompanhámos a festa da Batalha, até porque, apesar de na Golpilheira não haver uma instituição do género, o grupo de ginástica da terceira idade que funciona no nosso Centro Recreativo foi convidado a abrir a sessão. E não deixaram de mostrar como os movimentos ainda estão desenvoltos e fazem bem à saúde. Depois, seguiu-se uma demonstração de cantares, danças e teatro, que bem podiam encher um espectáculo digno de ser visto pelo público. Talvez um próximo passo.
O interesse em que o projecto continue é unânime, como se viu na resposta "Siiim" em coro, à pergunta do presidente da autarquia: "querem mais, para o ano?". António Lucas, que por ali passou para cumprimentar os presentes, manifestou o seu contentamento pela receptividade ao projecto e respectivo sucesso, deixando a promessa de que "para o ano, vai mesmo haver mais".
Os animadores do projecto, sob a direcção de Paulo Lameiro, executaram também algumas músicas e danças, em interacção com os mais velhos, qual orquestra de improvisos ensaiados. Um quadro digno de emoldurar nas memórias de quem o viveu e que ilustra de sorrisos este trabalho inovador, onde o mais importante são as pessoas e os valores que lhes permitem continuar a sonhar… e a viver.
Luís Miguel Ferraz
Milagres de um Trovador
Estou sentada faz mais de 30 anos nesta cadeira.
Um destes dias apareceram aí umas meninas todas gaiteiras com umas guitarras na mão. Fizeram-me lembrar quando eu era nova e andava de romaria em romaria. Ai, a música!!! Bailámos uma moda sem tocata, e uma valsa fina. Calhou-me no par um senhor todo bem-posto ali no lar da Misericórdia. Elas fizeram teatro, o rei vai nu. Ele nu não ia porque eu vi-lhe as ceroulas e foi uma risota pegada.
Disseram versos bonitos. Do Reguengo desceram os cantos da serra e da Senhora do Fetal, da Batalha dançaram bengalas. Lembro-me bem daquela senhora que se chamava Do Mar. Aquela garganta é uma alma boa, e como foi ela engendrar uns versos daqueles. Quando tocámos aquelas gaitas de bater com pauzinhos até se me arrepiou a pele toda. Era da Carreira. Agora me lembro que a senhora era da Carreira. Mas quando aparece a Rainha Santa com o balão amarelo lembrou-me a minha mais nova que gostava de brincar às princesas. Não sei o que é feito dela porque nunca mais a vi. Eu sei meu amor, que não chegaste a partir!
O Rei D. Dinis teimou com ela que trazia um balão. Não era. Eram coisas importantes para a vida. Cantigas de amigo e de Amor. Para maldizer basta a outra que dorme no meu quarto. Eles cantaram tão bem que não me apetecia sair dali. Perguntou-me o Rei o que era mais importante para mim. A Saúde, pois então. E a Fé. Os amigos e a família. A Música também!
Paulo Lameiro
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