Leiria evocou o massacre
Leiria assinalou, no passado dia 5 de Julho, os 200 anos da entrada na cidade das tropas francesas do general Margaron e do massacre que perpetrou, destruindo vidas e bens numa dimensão nunca antes vista por estas bandas. Os desastres maiores foram provocados pelos franceses, não só pelos massacres que dizimaram a população, como pelas pilhagens, que partilharam com as tropas inglesas, mas sobretudo pelos incêndios que praticamente destruíram a cidade. Acabada a guerra, o regresso daqueles que se foram instalar no meio das ruínas coincidiu com uma epidemia de cólera que vitimou centenas de pessoas. Contas feitas, mais de metade dos habitantes tinham desaparecido.
O local onde o impacto da luta mais se fez sentir foi na Portela, junto da antiga ermida de S. Bartolomeu. Perto do local não existe mais do que uma lápide, e a memória do evento não tem sido suficientemente destacada junto das gerações actuais. Mas este duplo centenário não foi esquecido, com comemorações oficiais em honra dos mortos, nos dias 4 e 5 de Julho, em que se destacou o lançamento do livro "Invasões Francesas – Leiria, 5 de Julho de 1808 – O Massacre da Portela – 200 Anos", da autoria de Carlos Fernandes, chefe de redacção do Jornal das Cortes, onde compila um conjunto de textos alusivos ao evento, de vários autores dessa época, numa edição da Textiverso. A este propósito, a autarquia leiriense organizou também um colóquio temático, nos dias 14 e 15 de Julho.
Para os interessados neste assunto histórico, é ainda possível visitar duas exposições inauguradas na data da efeméride. Uma está no Arquivo Distrital de Leiria, com o tema "O embarque da Família Real para o Brasil – 1807" "O Marquez de Nisa, um Almirante Português entre Nelson e Napoleão" - Museu da Marinha. Outra fica até 31 de Dezembro na Casa-Museu João Soares, nas Cortes, sobre "Leiria no tempo das Invasões Francesas", sendo complementada, durante os meses de Setembro e Outubro, com algumas conferências e colóquios alusivos ao tema. Trata-se de uma mostra de gravuras da época, relativas a uma área de 80 quilómetros à volta de Leiria, pelo que é bem provável reconhecerem-se algumas paisagens da nossa região.
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