domingo, 29 de junho de 2008

Camionistas pararam Portugal

Batalha decisiva para início e final do manifesto

A vila da Batalha foi protagonista no início do processo da paralisação nacional dos camionistas, mas também na resolução que se previa difícil. Depois de, no dia 7 de Junho, ter aqui decorrido a reunião de cerca de um milhar de camionistas, com o facto pouco comum de serem os empresários a parte mais interessada, durante os três dias seguintes os transportadores decidiram parar a distribuição de produtos pelo País, estacionando em locais estratégicos e organizando piquetes para sensibilizar outros a fazer o mesmo. Em causa estava o elevado custo dos combustíveis, com os sucessivos aumentos desde Janeiro a serem a gota de água para a manifestação, pois os custos de transporte de mercadorias atingiram o ponto de tornar inviáveis muitas das empresas do sector. Assim, pediam ao Governo um conjunto de soluções, no centro das quais colocaram a descida do imposto sobre o petróleo (ISP).
Como todos sabemos, esta paralisação condicionou em muito a vida dos portugueses, que viram estabelecimentos comerciais sem produtos, o aeroporto de Lisboa sem capacidade para reabastecer as aeronaves, algumas fábricas a fechar por falta de matéria-prima, e uma corrida ao abastecimento das viaturas, que fez esgotar o combustível em quase todo o País. Nas redondezas de Leiria, por exemplo, o gasóleo acabou quarta-feira de manhã em todos os postos, à excepção da Petro FM, na Quinta do Retiro, que conseguiu garantir alguns milhares de litros de uma reserva alternativa.
Durante estes dias, registaram-se alguns incidentes entre camionistas, o mais grave dos quais resultou no atropelamento mortal de um camionista de 52 anos, em Torres Novas, no dia 10 de Junho. Também neste episódio, a Batalha acabou por fazer parte da notícia, já que será daqui natural o condutor do camião envolvido no acidente. Segundo a agência Lusa, o transportador fazia-se à estrada quando colheu acidentalmente um camionista que tentou subir ao camião em andamento, na tentativa de o convencer a ficar parado no parque.
A paralisação viu o seu desfecho na madrugada de quinta-feira, dia 12, depois de nova reunião dos transportadores na Batalha, onde foi aceite com alguma reserva o acordo conseguido pela ANTRAM - Associação Nacional de Transportadores Rodoviários Públicos de Mercadorias, que tinha votado contra esta medida de coerção e optado por negociar com o Governo. Vencidos, mas não convencidos, os camionistas entenderam que houve alguma cedência a parte das suas reivindicações, com a promessa de apoios à renovação das frotas, portagens mais baratas à noite, ajudas de custo aos TIR, formação profissional, fiscalização a operadores estrangeiros, revisão automática dos fretes e algumas outras revisões fiscais. De fora ficou qualquer alteração ao ISP.
Segundo informações que circularam nessa noite, caso não se conseguisse um acordo com o Governo, estava previsto o uso da força policial para repor a segurança da circulação dos camionistas que o entendessem fazer, bem como o recurso ao Exército para satisfazer alguns serviços de abastecimento mais urgentes.
Como as reivindicações da maioria dos empresários não foi ainda satisfeita e muitos deles não se revêem na representação da ANTRAM, foi já criada uma nova associação de transportadores, que promete volta à luta a breve prazo.
Joaquim Santos LMF

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