Mais do que tradicionais, são seculares as festas de Agosto na vila da Batalha. Em décadas passadas, foram referência em toda a região, pelos conceituados artistas que nela actuavam, atraindo milhares de pessoas, até dos concelhos vizinhos. Nos últimos anos, o público tem diminuído e muitas pessoas afirmam mesmo que "as festas estão a morrer".
Vários poderão ser os factores para esta perda de grandiosidade. Os artistas, por mais mediáticos que sejam, já não são o "chamariz" que eram: vêem-se todos os dias na televisão, ouvem-se na rádio, têm-se gravados em CD, em MP3 e nos telemóveis, dão concertos com muito mais frequência nos palcos da região. Já não é preciso vir à Batalha para ouvir e ver os grandes nomes da música, como acontecia antigamente.
Por outro lado, a mobilidade das pessoas é muito maior: muitos viajam para fora nas férias, outros aproveitam a "escapadinha" do feriado duplo de 14 e 15 de Agosto para irem até à praia ou outros destinos, outros ainda preferem a romaria dos bares e discotecas com os amigos. Os mais jovens já não precisam de esperar as festas da Batalha para obterem a tão rara "autorização" dos pais para saírem de casa à noite, como acontecia antigamente.
A isto há a juntar a profusão de festas que se realizam um pouco por todo o lado, mesmo no próprio concelho da Batalha. Hoje em dia, cada lugar tem a sua festa, que procura abrilhantar da melhor forma, até com a qualidade dos artistas que são convidados, e com uma aposta forte na restauração, que é sempre um aliciante extra para a visita. Já se sabe que, se há festa na aldeia, as pessoas preferem ficar por lá, em vez de se deslocarem para outro festejo vizinho.
Tentando combater estes e outros factores, várias têm sido as tentativas da autarquia e das associações organizadoras (Rancho Folclórico Rosas do Lena e Associação Recreativa Batalhense) para cativar o público. Foi o caso este ano, com a inclusão de uma zona de tasquinhas no recinto e com a aposta em mais artistas, procurando um programa abrangente e diversificado, a par dos jogos tradicionais.
O primeiro serão foi no dia 10 de Agosto, com a participação do Cancioneiro da Região da Magueixa e do grupo Semibreves, de Pombal, numa tónica de música tradicional. No dia seguinte, foi a vez da XXII Gala Internacional de Folclore, uma grandiosa manifestação folclórica anual, que este ano contou com a presença do Grupo de Danças e Cantares da Trofa, do Grupo de Folclore "STANITSA", dos Montes Urais - Rússia, do Grupo Regional de Danças e Cantares do Mondego, da Companhia de Danças Folclóricas "Guenda Nabani", do México, e do Grupo de Danças Folclóricas "SIKHARULI", da Geórgia, para além do rancho organizador, "Rosas do Lena", da Batalha. Já não atrai multidões, tantos são os festivais de folclore que se realizam pela região, mas foram ainda assim algumas centenas de pessoas as que não quiseram perder esta festa de diversidade etnográfica mundial, ao nível do melhor que se faz no País.
Os restantes espectáculos foram mais virados para a música pop e rock da actualidade: "Mundo Cão" e "Cool Hipnoise" no dia 12, "Plástica" e Jorge Palma no dia 13, "Fat Freedy" e "Ritual Tejo" no dia 14, "AIOAI" e "Ala dos Namorados" no dia 15. Não se poderá dizer que tenha havido "enchente", mas pareceu-nos ter-se registado um aumento de pessoas, em relação aos anos mais recentes, sobretudo no público mais jovem. Jorge Palma e Ala dos Namorados foram os que receberam mais gente no terreiro. Talvez tenha faltado a "mistura" de alguns artistas mais do agrado do público adulto, dentro da música ligeira, para garantir a afluência mais numerosa que se procura.
Desporto
Tem sido tónica dos festejos, também, a vertente desportiva, com a inclusão do Grande Prémio de Atletismo Mestre de Aviz, no dia 15, com provas infantis e seniores.
Este ano, essa aposta foi reforçada com a realização, no fim-de-semana anterior, dias 4 e 5, do I Torneio Internacional Sénior de Andebol, co-organizado pelo Batalha Andebol Clube (BAC), e com a participação das equipas principais do Sporting, do ABC de Braga, e do Octavio Pilotes Posada, equipa oriunda de Vigo, Espanha. O pavilhão da Batalha encheu-se de público e foi uma boa forma de promover a modalidade em que o BAC tem representado o concelho a nível nacional. O Sporting sagrou-se campeão deste torneio, vencendo o Pilotes Posada (34-20) numa final disputada com elevado nível técnico. O ABC de Braga arrecadou o terceiro lugar, face à vitória frente ao BAC.
LMF
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